WhatsApp e smartphones prometem chacoalhar as eleições deste ano.
Por Maria Paula Almada, do Centro de Estudos Avançados em Democracia Digital (CEADD)
O Digital News Report 2014, que traz anualmente dados de pesquisas internacionais sobre o consumo de notícias digitais no mundo, divulgou no mês passado seu relatório anual. Com base em uma pesquisa feita pelo YouGov com mais de 18 mil consumidores de notícias online no Reino Unido, EUA, Alemanha, França, Itália, Espanha, Brasil, Japão, Dinamarca e Finlândia, o relatório revela novos insights sobre o consumo de notícias digitais e chama a atenção para o crescimento de tablets e smartphones, as diferenças nos usos dos media por geração e país e, sobretudo, o papel dos social media na busca e na distribuição de notícias. Sobre este aspecto, o Facebook aparece como a principal rede para a distribuição de notícias, enquanto o WhatsApp (aplicativo de troca de mensagens, imagens e vídeos) demonstra forte tendência de crescimento.
O uso do Facebook para a disseminação de notícias não é nenhuma novidade, o que deve ser ressaltado aqui – e, em tempos de campanha, considerado pelos marqueteiros – é que a maior parte das pessoas tem acessado estes conteúdos por dispositivos móveis. Segundo o Hootsuite, mais de 50% dos usuários do FB o acessam por tablets e smartphones, o que exige uma reconfiguração ou adaptação dos conteúdos destes meios a estas plataformas.
Em tempos de campanhas eleitorais, isso significa dizer que as estratégias devem ser repensadas. Sobre o WhatsApp, e pensando-o na perspectiva do cenário brasileiro, dois aspectos chamam a atenção: 1) o modo como o WhatsApp tem sido utilizado pelos candidatos para fazer campanha e divulgar conteúdo; e 2) a utilização deste aplicativo para a produção de imagem negativa de candidatos ou disseminação de campanhas negativas.
Sobre o primeiro aspecto, um bom exemplo é o da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) que, através do site Muda Mais, lançou uma conta no WhatsApp para se comunicar com os eleitores: basta enviar uma mensagem de celular ao número indicado que o eleitor pode interagir com os representantes da campanha, receber conteúdos e trocar informações. Dilma é a primeira presidenciável a aderir ao aplicativo e, embora esta estratégia seja vista como uma maneira de suprir a ausência da candidata nas ruas, deve-se ter em mente que a tática provavelmente será, ao longo da corrida presidencial, utilizada também pelos outros candidatos, haja vista a capacidade do aplicativo de divulgar informações e conteúdos. O candidato ao governo da Bahia, Paulo Souto (DEM), por exemplo, já envia, desde o último dia 19, seu jingle para quem quiser, é só mandar um WhatsApp!
Quanto à disseminação de campanhas negativas, não há muito o que falar. As imagens abaixo falam por si. Não há como saber quais são produzidas pelas campanhas dos opositores, quais são feitas pelos próprios cidadãos. Fato é que elas estão na rede, revelando o quão importante será o “zapzap” como instrumento de campanha para as eleições deste ano.
