A redução da capacidade do Estado é um dos pontos da crise da democracia apontados hoje pela literatura especializada no tema. Por essa visão, estados e governos sofreram um processo histórico de redução da capacidade de entregar o que prometem, o que elevaria o descontentamento com a democracia. A ideia é a de que houve mudanças estruturais na economia política internacional que fortaleceram o mercado em detrimento do Estado. Esse processo passa pela integração comercial internacional, a quebra dos acordos de Bretton Woods nos 1970, a globalização e os avanços transnacionais do mercado de câmbio e financeiro, que estabeleceram uma série de novas restrições à ação estatal e governamental, especialmente naqueles casos com menor poder de barganha – países endividados ou com pouca credibilidade. O embate atual entre Lula e o BC/mercado e os baixos índices de popularidade do governo (38%) podem ser vistos como produtos contemporâneos de toda essa discussão.
Arthur Ituassu
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