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  • Arthur Ituassu

Lula e a recessão democrática global

As atuais crises em Israel, na Índia e em El Salvador são mais uma prova de que vivemos um momento de recessão democrática global. Alguns autores apontam para o início desse período na primeira década dos anos 2000, depois da invasão americana ao Iraque, em 2003, e a recessão financeira de 2008. De lá para cá, muitos países retrocederam em suas democracias. Como no caso de Estados Unidos, Hungria, Turquia, Venezuela, Rússia, Índia, Perú, Polônia, El Salvador e Brasil. Fala-se também de Tunísia, Gana, Nicarágua e Uganda.


Há pouco, na Índia, o líder da oposição, Rahul Gandhi, foi expulso do Parlamento e condenado por difamação a 2 anos de prisão. Em Israel, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, suspendeu o plano controverso de reformar o Judiciário, depois de 3 meses de protestos. O recém-lançado relatório da Anistia Internacional afirma que jornalistas e críticos do governo foram intimidados, hostilizados, ameaçados, censurados, criminalizados ou privados de acesso a informações públicas no Brasil, no Canadá, em Cuba, em El Salvador, na Guatemala, no México, na Nicarágua e na Venezuela.


Em El Salvador, onde a nova Assembleia Legislativa adotou uma série de medidas que limitaram a independência do Judiciário, com a destituição de juízes da Suprema Corte e do Procurador-Geral, mais de 60 mil pessoas foram presas nos últimos 10 meses e uma mega prisão para 40 mil detentos foi inaugurada. El Salvador é governado hoje pelo jovem e hiper popular Nayyb Bukele, que derrotou os dois partidos tradicionais do país nas últimas presidenciais com uso intenso da internet. Mesmo com a controversa política de segurança e o notório descaso pelas instituições democráticas, o “autoritarismo millenium” salvadorenho goza de índices de aprovação em torno de 80%.


O Brasil não superou sua crise democrática. Em termos históricos, o 8 de Janeiro foi ontem. Com isso, paira sobre o governo Lula uma grande responsabilidade (que não condiz com declarações fora do prumo), aquela de dar continuidade ao processo de retomada da democracia brasileira, após quatro anos vivendo no fio.



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