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  • Arthur Ituassu

O mistério da estabilidade das pesquisas

Um fenômeno que tem chamado a atenção dos analistas de opinião pública no Brasil é a estabilidade recente das pesquisas sobre a eleição presidencial de 2022, com a cristalização da candidatura de Lula acima dos 40%, a de Bolsonaro em torno de 20% e demais candidatos não chegando a 10%.

Em uma época conhecida pela volatilidade do eleitorado, impulsionada pela velocidade e intensidade dos sistemas de mídia contemporâneos, surpreende o fato de que em maio de 2021 Lula já apresentava vantagem de 41% a 23%, segundo o Datafolha. Para se ter uma ideia, em outubro de 2017 o Datafolha mediu 35% para Lula, 17% para Bolsonaro e 13% para Marina Silva, na corrida para o pleito de 2018, que acabou vencido pelo candidato do PSL.



Se é verdade que as eleições de 2018 foram marcadas pela instabilidade na candidatura petista, por conta da prisão de Lula em abril de 2018, em 2014 vemos a mesma volatilidade, especialmente em relação a Marina Silva, que tinha quase 25% das preferências em fevereiro, chega a 35% em agosto mas não foi capaz de chegar ao segundo turno do pleito.


Nesse contexto, a pergunta que fica é: veremos nova instabilidade nos próximos meses ou a manutenção dos resultados apresentados desde o ano passado? Uma forma de analisar a questão é perceber a cristalização da desaprovação ao governo Bolsonaro (ruim e péssimo), que estava em 53% em setembro de 2021 e no mesmo patamar em dezembro (Datafolha). Isso se expressa no resultado de que, em dezembro de 2021, 60% disseram não votar “de jeito nenhum” em Bolsonaro em 2022, com 67% de rejeição entre os mais jovens e 67% no Nordeste.


A meu ver, a variável que favorece a estabilidade das pesquisas chama-se Jair Bolsonaro. Apesar da volatilidade do eleitorado contemporâneo, Jair Bolsonaro não é um político qualquer, em um sentido negativo da diferença. O extremismo do atual presidente e seu desempenho desastroso na Pandemia e em todos os outros setores do governo fazem a diferença no atual momento eleitoral. Sua falta de moderação como candidato e governante, que não condiz com o sistema eleitoral e presidencialista brasileiro, é um ponto fora da curva em nossa história democrática.




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